O PROFESSOR QUE ESCREVIA

Naquele país

havia

um professor

que escrevia

poesia

enquanto

aumentava o número

de pessoas abaixo

da linha da pobreza

(uma maneira bonita

de se dizer miséria).

Naquele país

havia

um professor

que escrevia

poesia

enquanto

presos pobres amontoavam-se

em cadeias imundas -assassinos,

estrupadores, traficantes e outros

infelizes de mesma má-sorte;

ao mesmo tempo

em que um juiz

do Supremo Tribunal Federal

mandava libertar dois supostos

ricos ladrões

(pai e filho,que coincidência),

pois havia se sensibilizado

com tão trágica situação.

Naquele país

o professor

escrevia poesia

enquanto o mundo girava

e tudo continuava igual

e tudo continuava correto

embora nada estivesse normal

e o absurdo fosse

a ordem natural das coisas.

*poesia título de meu livro (O professor que

escrevia - EST editora-Porto Alegre-2006)