Nagasaki. Um canto à dor

Santa paciência, arreda!

A memória não medra

A rede espalha olores

Fedem pacóvios e parvos

Indagam sobre holocaustos

Como se falassem de duendes

Os doentes céticos ignaros.

Gemidos, alaridos, fornos.

Gritos, sussurros, demências.

Urros. Desfragmentação dos

Corpos, carnes incendiadas.

As almas explodidas dos ossos

As mentes e os corações inflamados

O átomo uma fissão cinza das dores

As cores das flores eternizam o nada

O sangue coalhado evaporado resta

desaparecido das paredes destroçadas

A cidade é já uma planície sumida

Coisas, animais, plantas, pessoas

São cinzas multicores, ferrosas

contorcidas no teatro dos horrores.

Há já conformados com a putrefação

Da humanidade, no púlpito a pregar

Que virá em breve o fogo do inferno

o nefasto acontecido a ocultar

ficando poucos, roucos a lembrar

quiçá loucos, uns ainda pios e crentes,

cessada a matança, matadores incensam