Às mulheres- bombas

Quem são essas mulheres?

Elas já não trazem, entre os braços,

filhos e esperança.

Elas já não trazem, em seus olhos,

alento e bonança.

Só o que carregam, meu deus,

é a fé.

Quem são essas mulheres,

que em seu ventre levam

destruição e dor?

Não há vida, só vazio

Um círculo estéril de pólvora e sangue

Rodeia essas mulheres sem cor

Que são essas mulheres?!

Instrumentos de terror?

Mães da guerra e do horror?

São úteros perdidos,

são corpos estilhaçados,

é sangue puro explodido.

Quem são essas mulheres,

que se escondem atrás de negros véus?

Suas mãos já não são mais livres,

Alá, elas apontam pro céu.

Você consegue enxergar

por trás das vidas fendidas?

Se aproxime e verá, embaixo das cinzas,

só há meninas perdidas.

Mas essas mulheres já não são mais.

Os poucos segundos já passaram.

Mulher-bomba, tu fugiu?

Fugiu da fome, da intolerância,

do homem e da ganância?

Só que agora ela não foge mais.

A vida se foi, a bomba explodiu.

“(...)A violência começou em Bagdá, quando três mulheres-bomba explodiram no meio de uma multidão de peregrinos xiitas, matando ao menos 28 pessoas e ferindo outras 92, informaram a polícia e fontes hospitalares, segundo a agência de notícias Reuters. A Associated Press diz que 32 pessoas morreram e 102 ficaram feridas.(...)”

(28/07/2008 – Folha Online)