DESERTO DE LOBOS

Preciso seria que os deuses saíssem do olimpo,

Montados em seus cavalos

Com suas espadas em punho

Que ferisse o espírito humano

Que extraísse dele sua alma

Em gotas de sangue

Preciso seria que homem tivesse alma

E calma para perceber o homem

Que seu sangue fosse água

Que sua água fosse lama

Para permitir-lhe beber do outro, a vida

O ego desfeito, deserto de lobos

E dos ventos uivantes,

A verdade, a mentira

A paz e a ira

Preciso seria que o homem

Não tivesse sangue

Que tivesse apenas direito

A uma dose diária de vida

Uma medida, um copo, uma xícara

Um dia, uma noite, e dormisse

E que então amanhecesse

Um novo homem

Preciso seria que os homens fossem meninos

Na sua simples essência

Que seu sorriso fosse apenas um sorriso

E uma doce esperança

Que seus sonhos fossem com anjos

E bolas de festa

Que seus passos fossem firmes

Suas mãos o seu abrigo

Seu caminho, o coração

Sem querer

Sem negação.