A PERIFERIA DO ÉDEN - 51

todas às tardes em Natal

morre uma menina

todas as tardes que ele quer

o Sol arde na Ladeira,

no Morro do Careca,

na areia, na piscina,

e bronzeia a heroína

tímida, mas sapeca:

Talita, Bianca ou Salomé

com suas armas ela brinca

sufocada nos socorre

inundada de esperma

embalada numa erva

todas as tardes é um porre

há treze meses

de dezembro a fevereiro

aos treze anos

por uma noitada,

uma capa de revista ou cheiro

agente vê, já é normal

vem com o motorista

que leva o cheque

é sempre igual

na reunião de acionistas

no fim da tarde

com um lamento ele dirá

que dá na vista

morrer uma menina na cidade

todas às tardes:

"Não podemos deixar pistas"

Christopher Marlowe
Enviado por Christopher Marlowe em 05/09/2008
Código do texto: T1162533
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