A PERIFERIA DO ÉDEN - 51
todas às tardes em Natal
morre uma menina
todas as tardes que ele quer
o Sol arde na Ladeira,
no Morro do Careca,
na areia, na piscina,
e bronzeia a heroína
tímida, mas sapeca:
Talita, Bianca ou Salomé
com suas armas ela brinca
sufocada nos socorre
inundada de esperma
embalada numa erva
todas as tardes é um porre
há treze meses
de dezembro a fevereiro
aos treze anos
por uma noitada,
uma capa de revista ou cheiro
agente vê, já é normal
vem com o motorista
que leva o cheque
é sempre igual
na reunião de acionistas
no fim da tarde
com um lamento ele dirá
que dá na vista
morrer uma menina na cidade
todas às tardes:
"Não podemos deixar pistas"