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Vento que bate em meu rosto

Enquanto estou aqui, indo

Entediado com a mesmice diária.

Rodeado de rostos anônimos

Que não me dizem nada

E nem desejam ouvir de mim

Coisa alguma.

Pele oxigenada por um sol

Sem nuvens, sem véus

Me enche de desejos.

Viagem mais longa

Do que esperava

Em minha impaciência

Me tira a calma,

Me tira do chão.

Inspiração se vai,

Ou não,

Com o bate papo vizinho.

Pela janela consigo ver

O tempo que passou

Um tempo que não volta

Que não se consegue recuperar.

Janela mágica

Por onde vemos

Vidas passarem diante

De nossos olhos.

Somos invisíveis a olhos nus

Ou devemos ser

Rápidos como a velocidade da luz.

Pois não somos notados,

Nem mesmo por esta marca de tinta

Em uma pele bronzeada

Por um sol oxigenado.

São “obrigados” e “Vai com Deus”

Não espero que Deus demore tanto

A chegar em algum lugar

Quanto nós.

Pessoas passam sobre minha cabeça

Sob meus pés já passaram

Cabeças de tantas outras

E ainda não vejo próximo meu destino.

De repente meu desejo

Se levanta e vai embora

Isso é triste pois

Nunca mais o encontrarei.

Mas fico feliz

Pois se aproxima meu destino

É hora de descer

E voltar a vida real.

Adalberto Caldas Marques
Enviado por Adalberto Caldas Marques em 18/09/2008
Código do texto: T1184437
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