A PERIFERIA DO ÉDEN - 54

nas favelas, nas fazendas,

nas cidades grandes

sob o sol do estio

caiam homens e mulheres

crianças e anciãos

revivendo o Triunfo da Morte;

os últimos morriam de frio,

nas ruas, nas camas,

cansados, de coma,

sem passado e sem cura;

as que vinham antes,

nas praças, nas roças,

nos barracos,desnutridas,

sem lanhouses ou presentes,

em trabalhos aviltantes;

as outras, nos bordéis,

nos partos, nos tanques,

no desespero do adutério

e dos maridos infiéis;

os primeiros, nas enxadas,

sob as marquises e sem teto,

nas máquinas, na polícia,

na cachaça e na vergonha

de serem analfabetos;

a migração para os esgotos,

o lixo e as portas

era ultrajante.

e quem pintou o quadro

sorria empapuçado

afogado em vinho

e cultura mercenária.

para derrubar e provocar

o desespero de tantos

tinha quer ser bela e forte,

e seu nome no entanto

não lembra beleza ou poder

o menino nu

que delirava entre os girassóis

balbuciou-me envergonhado:

-o...seu...nome...é...Fome...

Christopher Marlowe
Enviado por Christopher Marlowe em 18/09/2008
Código do texto: T1185168
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.