MEU BRASIL

Brasil nosso de cada dia

Livrai-nos da agonia

De ter sempre que adivinhar

As decisões do governo

E as luzes que ainda brilham

Se amanhã também vão brilhar.

Nosso cruzeiro virou cruzado

Mas o mal não está na moeda

Ou em quem a manda cunhar

Talvez esteja na mente

De quem vê e tudo sente

E vive apenas a contemplar

A “situação” está sob controle

Mas se desespera ao pensar

Que o mar não está pra peixe

E que poucos sabem nadar

Pois todos sabem que o barco

Tão forte e com tanta riqueza

Se no leme não pôr firmeza

Pode ir pro fundo do mar

Os times jogam pesado

E o juiz pisa miudinho

Num campo todo minado

Os torcedores assistem

Uns achando ridículo

Outros muito engraçado

Uns jogam, outros não

Uns chutam com os dois pés

E outros “metem a mão”

– Brasil nosso de cada dia

Perdoai nossa falsa alegria

Alimentai nossa eterna ilusão

Porque o Brasil é mesmo assim

E o mínimo é sempre o salário

Antes culpavam o Delfim

Hoje o “bode” é o Funaro

E o povo - “tadinho do povo”

Pelo jeito é cego e mudo

E não pode ver ou falar

Porque se visse e falasse

Talvez o Brasil mudasse

... se tivesse alguém pra escutar!

DEDICAÇÃO: ao Juca Chaves, simplesmente porque, ao terminar e analisar o que havia feito, me lembrei dele - pois parecia haver penetrado no seu estilo sutil e todo especial de fazer o espectador rir (para não chorar) da nossa política que, a bem da verdade, é mesmo uma piada. E é uma pena, porque se rir é um bom remédio, sorrir é ainda melhor. Mas quem consegue?... 30/04/87

Lourenço Oliveira
Enviado por Lourenço Oliveira em 07/03/2006
Reeditado em 18/11/2011
Código do texto: T119809
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