Esboço da postura
Meu cargo tem uma carga amarga
Que nem mesmo o açúcar adoça
Ou um imperialista embarga
Que me deixa inquieto
E que me expande numa casa sem teto
Visões não tão grandes como um elefante
Nem tão pequenas quanto um inseto
O que deixo pra filho e neto
É que a idéia não morra feto
Fato que deixa mal na fita e na foto
Construo o que destruo momentos antes
Sem usar a mesma forma
Não fazendo mais do mesmo
Acrescentando estilo e forma
Em meio a Caim e Orfeu prossigo métrico, cítrico
Muitas vezes lírico por motivo etílico
Longe de querer ser um ser místico ou sintético
Filho de nordestinos
Não me entrego ao cansaço e nem carrego o fracasso
Pensamentos rudes as vezes finos
O que prego é pensar a cada passo
Para o ego não querer ser o rei do cangaço
Já sinto o odor do predador
Que disfarça e espalha o prazer sendo ele a dor
Produzindo pessoas incrédulas através de cédulas
Dos meus obstáculos faço espetáculos
com histórias em frenéticas épicas
Mesmo não tendo caminhos tentáculos
Tento construí-las com dignidade e ética
características não encontras no CPF
Carteira de trabalho ou no RG