É mesmo!

O mesmo galo toca sua corneta

O mesmo susto abre as janelas

O mesmo brilho no céu ilumina a esperança

O mesmo sonho é interrompido

A mesma casa, nele, eu não arrumava

O mesmo café com pão desapareceu em instantes

As mesmas notícias no radio eram ouvidas

A mesma radio sintonizada

As mesmas contas eram apresentadas

A mesma discussão acontece

O mesmo atraso faz-me correr

O mesmo caminho percorro

O mesmo motorista pára no ponto de ônibus

Os mesmos trocador e passageiros

Os mesmos trabalho, patrão e empregados

A mesma perda da noção de tempo

A mesma fome à mesma hora

A mesma comida e o mesmo sono

O mesmo horário de volta

O mesmo serviço pesado

As mesmas bocas fechadas

As mesmas cabeças baixas

A mesma angustia pelo término do trabalho

A mesma saída pela mesma porta de serviço

A mesma volta para casa

O mesmo cansaço do corpo

A mesma recepção ao voltar pra casa

A mesma cobrança da mulher e filho

A mesma dose na birosca

O mesmo canal de televisão

O mesmo silencio

A mesma comida do jantar

A mesma hora que vem o sono

O mesmo sonho

A mesma esperança

O mesmo, o mesmo, o mesmo...

É mesmo!

Lírico Etílico
Enviado por Lírico Etílico em 05/10/2008
Código do texto: T1212583