QUEM VEM LÁ?

Quem vem lá, trôpego andando?

Bem no cantinho da rua.

O que será que está pensando?

Na vida? Que vida a sua!

Sai cedo, o sol ainda dormindo.

Corre, indo para o trabalho,

Suas forças que já vão se esvaindo

Mas a cruz tem que ir ao Carvalho.

Quem vem lá andando tão devagar?

Será que chegar não quer?

Sim e procura até apressar

Para ver o filho e a mulher.

Mas os pés e pernas estão doendo

De andar e trabalhar.

Queria estar depressa, até correndo,

Para o abraço e o descansar.

Quem vem lá? Olhe bem para ver.

É um homem trabalhador.

Faz tudo para o filho crescer.

Dá pão, carinho e amor.

Ah vida! Não é fácil ser vivida.

O pão, só é fácil comer,

É a causa da expressão sofrida

Que a gente acaba de ver.

Escrevi no dia 02-09-1987 após me comover com a visão de um homem, na cidade de Arcos-MG, com as vestes sujas e andando tropegamente. Com a aproximação dele eu perguntei: Cansado? E ele com um sorriso apagado e tímido respondeu: Nunca trabalhei tanto em minha vida. Eu nunca esqueci o fato e a fisionomia daquele cidadão.