MORRE A PALAVRA E COM ELA O VERBO

Palavras assimétricas, morto o verbo,

resta-me a fixa dureza, das esquinas.

Lá onde tudo é polido, aprumando prédios,

filtrando pedintes e prostitutas, de hora.

Aqui sempre escasseia o sol e o sorriso,

que quem aqui vive, não o sabe, tão pouco.

Não vive, sobrevive, resto de alguma coisa,

amealhando sobras, que a cidade desprezou.

E a palavra vai no vão da virilha das escadas,

conspurcando-se no fétido da ferida cutânea.

Entre doenças terminais, tossindo o asco,

que logrou lugar, longe do olhar do Homem.

E assim chega a morte, descendo as esquinas

e os degraus, trazendo por fim alguma paz.

E os meus dedos são ampolas de sangue,

tingindo a vermelho vivo, minha insignificância.

Jorge Humberto

03/11/08

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 04/11/2008
Código do texto: T1265645
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