Palavrório

Edson Gonçalves Ferreira

I

Tem poeta que escreve difícil

Como se poesia fosse um arranjo de verbetes

Quando fala de Deus, Ele parece o Inalcançável

E não Aquele que assumiu a forma de um simples carpinteiro.

Prefiro minha poesia com aquela florzinha simples:

As marias-sem-vergonhas que brotam em todas as partes

De colorido variado, enfeitam casas simples e casas nobres

Como sambambaia que aparece em qualquer lugar

E enche de encanto os olhos de quem passa.

II

Tem poeta que nem olha o texto alheio.

Parece que seu texto é o único no mundo,

E sua poesia flutua longe, mais longe e não fala da bruta humanidade.

Poesia para mim tem que ter a magia de mãos santas

Como as das mulheres e dos homens rudes

Trabalhando no campo, pegando no pesado

E, depois, satisfeitos, descansando à noite, vendo estrelas

Sem saber qual galáxia estão olhando.

III

Tem poeta que pensa que é poeta,

Esquecendo-se de que a poesia é poesia

E que poeta é apenas um canal para que ela se concretize.

Assim, prefiro a poesia crua na boca do povo

Como flores que nascem ao deus-dará no campo.

De uma coisa tenho certeza:

Felicidade para o povo mais simples, sem palavrório

É substantivo concreto

E dinheiro, abstrato.

Deus sorri e abençoa essa gente

Humilde, mais santa,

Poetas eternizados nos livros de sua existência.

Divinópolis, 05.11.08

edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 05/11/2008
Reeditado em 05/11/2008
Código do texto: T1266678
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.