Verbo Brasileiro

Anhangá

Vespas e beijas flores

O grito dos ancestrais ecoa

No caracol acústico soa.

Estes versos translúcidos

Bocejam em minha concha e arrepiam

Como sons dos guatambus

Corajoso canto do anú

Movimentam o fundo bentônico

Fertilizam!

Revelam!

Dante conhece a fera que dormita aí

Soltando as travas da língua

Imitas o bem te vi, desorientado ao fogo.

Após a guerra que travas dentro de si

Ante a derrocada deste país

Cujos que amam não mandam

Levantam o vôo da perdiz.

Enquanto a roda teima em arrastar

Todo levante que há por aí.

Oh! meu Tupã

Olodumaré

Este grito há de se fazer ouvir.

Negro, índio, branco, pobre, miscigenado...

O grito dos ancestrais

Borbulha dentro dos ais

Deste corpo em betume, santificado.

Quero estar contigo

Mover estas montanhas

Transmutar a fera

Liberdade aos que morrem de ausência

da fartura desta terra

Arrastam os pés descalços no chão

Zumbis, tapajós, pankararus, tinguis

Continua a matar a nascente alma brasileira

A gordura mórbida de homens chupins

Oh! meu Tupã

Olodum

Este grito há de se fazer ouvir

Amanayé