Sonho que não foi

Carregava escondido em teu seio o teu tesouro
Era um simples pedaço de nada, para você era ouro
Assim caminhavas apressada.
Tuas pernas nuas estavam sujas
E tontas andavas pelas ruas
Teus pés descalços feriram-se, quando tropeçastes.
Fugias pela tarde ensolarada, no rosto
O medo de ser amaldiçoada.
No corpo, trapos que não cobriam nada
A beleza de teus olhos verdes podia ser notada
Em baixo de teus cabelos desgrenhados
O fino rosto se contorcia, num esgar horrorizado
Cabelos louros e sem viço
Esvoaçavam com a rapidez de tua corrida.
Pronto o serviço: tu corres porque és ladra
Tu foges porque és nada.
As mãos de longos dedos apertam algo,
No meio de muito medo
Olhos vivazes buscam na imensidão do dia
Teus algozes, e tu foges, mas, és agarrada
Teus gritos espavoridos
Entre o barulho dos carros
Mãos que buscam entre seus seios
O fruto do pecado
Algo brilha e reflete o sol
 é do tamanho da pontinha do lençol
Um pequeno adorno vagabundo
Que roubaste de um ser imundo
Um ínfimo pedaço de lata, bijuteria barata
Tu vais presa
Por teres tido um louco sonho
E ficou sem nada.

sandra canassa
Enviado por sandra canassa em 24/11/2008
Reeditado em 25/11/2008
Código do texto: T1301269
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