AMBIÇÃO

Meus olhos querem enxergar além:

Além da linha do horizonte do sol dos prosaicos;

Não, na verdade, almejam sê-la.

Ser a estrela que o rebanho ilumina e norteia.

Pra ser honesto, os olhos meus querem ser

A manada de gados tocada pelo fluxo condutor da banalidade.

Ah, de fato, meus olhos querem

Que sua luz,

Ao alvejá-los energicamente,

Me faça emergir triunfantemente

Da fonte da contraluz do ordinário fosforescimento

E me comute em mais um membro do seu rebanho.

Rebanho dos zilhares de vaga-lumes que voam

Agarrados nas asas do céu da assiduidade do vento sortilegiante.

Eles, então, encorajados pelo lume da esperança,

Defrontam a muralha de raios imposta por aquela luz, Presunçosamente fugidia,

Para tentar fazer chegar á retina

A nítida esfinge da esfera ígnea.

E assim poder compartilhar com ela

O pólen do segredo,

Que a todos intima, cativa, intriga,

Enleva, pejando-os de vislumbres dulcificantes, por isso mesmo

Dantescos!

No entanto, como se fosse nocauteado inesperadamente pela Brisa,

E, ao ser levado á lona, sentir trespassar-me pelo corpo um Vagalhão de

Nada,

Regresso ao velho inane cenário.

Cenário de minha lúgubre realidade.

Deste modo, entrego-me, uma vez mais,

Á hidrópolis do silêncio,

Pois constato que meus olhos

(embriagados pela melodia do bardo da elegia)

Descobrem que não podem enxergar

Além do horizonte da luz da sombriedade

Cuja presença no meu cotidiano me martiriza tanto, em verdade.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

JESSÉ BARBOSA
Enviado por JESSÉ BARBOSA em 02/12/2008
Código do texto: T1314517
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