UM POEMA DE NATAL OCIDENTAL

Papai Noel, você não me engana.

Seu disfarce pode parecer perfeito,

Mas não aos meus olhos afeitos.

Com sua barba hisurta e branca

Como a de Karl Marx.

Sua roupa vermelha como a bandeira

Do comunismo, mas nem de longe

És um camarada comunista.

Antes um espião fascista,

Oligárquico e elitizado.

Nunca vi menino de rua

Ganhar brinquedo semelhante

Ao de menino de mansão.

Você talvez não apareça

Pela falta da chaminé.

Não é?

Você leva o nome de pai,

Mas nem de longe sabe

O que isso quer dizer.

Chamas a todos de filho,

Pela sua incapacidade e impotência

De ter um que seja verdadeiramente seu.

Queria eu que pelo menos por

Um dia, em sua vida sem fim,

Fosses pai de verdade.

Um pai pobre e trabalhador,

E lesse a carta mal escrita por

Seu filhinho semi-analfabeto

Endereçada ao Pólo Norte.

Visse os pedidos humildes

De uma criança condenada.

Condenada a esperar e não receber,

E ver os outros a ganharem mais

Do que de fato pediram.

Sentir em sua pele ridiculamente rosada

A dor dilacerante de nada poder fazer.

Observando os sonhos pequenos

De seu menino espatifando-se

No chão frio da decepção.

Mas és um egoísta.

Esconde-se no ponto mais

Distante do mundo,

Para vir uma vez por ano,

Pisando com seus lamentáveis

Veados o coração de milhares de crianças,

Que seriam menos infelizes se você não existisse,

Para lembrá-las de que o mundo

Não se lembra delas.

Felipe Duque
Enviado por Felipe Duque em 09/12/2008
Código do texto: T1326490
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