RASCUNHO DE VIDA

Ah, Senhor , quanta vida há

Igual brisa vadia

Passando por entre as janelas

Igual poeira em gaveta vazia

do armário do canto

Igual vestido esquecido

Com marcas de dobrado

Igual dobradiça rangendo

Assustando os acordados

Igual goiaba roubada

Com bicho na metade

Feito gato de esgueira

No telhado

Passos sorrateiros

De fantasma atormentado

Já não há nada que eu queira

Nem mesmo ser lembrado.

Maria Helena de Melo Rodrigues
Enviado por Maria Helena de Melo Rodrigues em 03/04/2006
Reeditado em 21/09/2006
Código do texto: T133071