CARNAVAL

Carnaval de idéias

místicas tradições culturais remotas

carrosséis turbinados tecnológicos

nada lembra o passado.

História perdida no baú do esquecimento

passistas, porta-bandeiras, baianas,

baterias, alas de frente,

desfilam a falta da tradição perdida.

Sem mérito, moral, todos pagãos

reinventam a grande festa afro-brasileira

visitada por vários mundos distantes

fascinados pela sensualidade tropical.

Exibem aos forasteiros alucinados

estridentes sons e gestos sensuais

fantasias de anjos, deuses, animais

versejam cantos exóticos

perseveram no seu intento de entreter.

Um povo carente de educação e cultura

onde a fome, o tráfico e a impunidade imperam

financiados pelos donos do Brasil

expõem seus destaques seminus.

Sobre alegorias flutuantes milionárias

frenéticos corpos sedentos de sexo

dançam, rebolam, estrebucham

com a ausência de justiça social e igualdade de direitos.

Revolta minha envolta de espanto

vendo tanta dor e miséria periférica

vejo apenas mascarados qual bandidos

ladrões da dignidade e da poesia.

Com trabalho o ano inteiro

muitos sobrevivem da festividade pagã.

Pessoas religiosas, famílias unidas

na costura desses fardos da sociedade decadente.

Reflexos podem ser vistos

nos periódicos jornalísticos

do exibicionismo pernicioso

das rainhas e reis do Carnaval.

Súditos encharcados e bêbados

acometidos de loucura oportunista

digladiam-se por uma chance

de ao menos por alguns instantes

participarem de blocos fantasiados de alegria.

Sentem-se assim, menos miseráveis

e até cidadãos da pátria mãe gentil

entregue aos estrangeiros da guerra.

Pactuar com essa Babel

retroceder às medievais barbáries

não fará de mim alguém mais feliz...

Apenas uma brasileira envergonhada

pelas injustiças da pirâmide social

onde todos desmoronam

a cada quarta-feira de cinzas...

22/02/2003

Ligi@Tomarchio®

LigiaTomarchio
Enviado por LigiaTomarchio em 19/02/2009
Código do texto: T1447786
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