COMO EU POSSO?

Como eu posso conseguir dormir à noite bem sossegado

Debaixo de meus cobertores, bem esquentado...

Enquanto há pessoas que passam frio nesse mundo indiferente e gelado

Em noites de inverno congelado.

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Como eu posso estar bem agasalhado...

Vendo gente tremendo de frio danado

E de medo de um futuro que nem tem = um período de vida menor

Sem expectativa maior nem sequer melhor.

Vidas pequenas, curtas, precárias, sem condições

Não serenas, com esperança nas orações.

Perspectivas são mínimas, só subsistem em razão da fé.

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Como eu posso viver...

Ao ver gente sofrer, perecer.

Passar vontade,

Passar necessidade.

Sem dinheiro, sem casa, sem moradia,

Sem credibilidade, sem via,

Sem caminho, sem destino, sem rumo, sem comida ou alimento,

Sem sustento, como migalhas ao vento.

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Como eu posso ficar relaxado, sentado, acomodado sem fazer algo para mudar essa situação, para acabar com isso

Como sou omisso! Que falta de compromisso!

Há quem vive debaixo da ponte,

Que não bebe da fonte

Da água da cultura, da educação, do ensino, do saber,

Do viver.

São excluídos da sociedade:

Não tem oportunidade!

São condenados

A viverem marginalizados

Nas ruas, no meio de jornais

Em meio aos “mundos” diferentes, desiguais.

Na miséria, na pobreza,

Sem sentido, sem proeza.

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Como eu posso ser desse jeito assim, tão despreocupado...

Enquanto há quem seja menor abandonado, maltratado ou escravizado.

Como pode existir gente sem família, sem pais, sem carinho, sem afeto

Sem nenhum teto!

E os que pelo povo são responsáveis

São corruptos incansáveis,

Eles desrespeitam a dignidade do povo direito, honesto trabalhador

E querem ser tratados como soberano senhor.

Esses políticos politiqueiros são o “bicho-homem”, vigaristas, malvados,

Caras-de-pau, abusados.

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Como eu posso?

Como você pode?

Como eles podem?

Como nós podemos...?