Ensaios sobre a cegueira... Humana! (I)

Estamos sujeitos a tudo, inclusive a perdermos a visão.

Se é que já não perdemos há tempos...

Perdemos a visão pelo que de mais simples há no mundo.

As belezas naturais do cotidiano...

A pedra com cores diferentes em detrimento do grande edifício na avenida mais movimentada da grande cidade.

A pequena rosa no cantinho de terra do vaso esquecido na janela do escritório.

A luz que vem do céu, emitida por uma estrela quase sem força, em detrimento da luz de néon da placa da loja mais cara do shopping.

A borboleta que sôfrega voa entre os carros arriscando-se entre os vidros, os ombros das motos e os retrovisores dos carros.

O crepúsculo cinzento que se vê na janela enquanto se prendem os olhos na novelinha das cinco.

O apelo do gatinho que lhe suplica atenção concorrendo com a internet.

O sorriso do outro em detrimento do nosso individual sofrimento.

A cegueira do outro em detrimento da nossa cegueira inventada.

Ângela Pereira.

Em cinzas...

25 de fevereiro de 2009.