DESTEMPERO

Como é gostoso, doutor,

A água descer do céu

Molhando cada chapéu

Escorregando no rosto

Cada varão tendo o gosto

De ser um agricultor!

Ah! Que gostoso é ver

Na folha verde do milho

A certeza de fartura

O sustento do meu filho

De alimento, de cultura

E a esperança de viver.

Arroz, batata, feijão...

Quão gostoso de se olhar

No vento a tremular

A copa da plantação

E a chuva cair do céu

Molhando cada chapéu.

Mas doutor, quando não chove

Gosto nem de comentar

Dói barriga, dói cabeça

Sequidão é de amargar

O jeito é ir pra favela

O senhor não se comove?

Já agora, Excelência

Que governa todos nós,

Afinou mais meu pescoço

De tanto gritar por vós...

Mande aqui cavarem poço

Tome essa providência!

Se a chuva não vem de cima

De baixo é que pode vir;

Ajudará, nesse clima

A plantação produzir

E feliz, minha família

Não precisará fugir.

Senhor lá e nós por cá

Sem ninguém se comprimir

O senhor no seu governo

Governando sem mentir

E não inventarei rima

Que venha ao senhor ferir.

Mas doutor, preste atenção

Ao que por fim vou dizer

Cave poço, dê um jeito

Pois precisamos beber

Do contrário, me asseguro:

O senhor quer nos ...

Antonio Leal
Enviado por Antonio Leal em 03/03/2009
Código do texto: T1467526
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.