Não, não me olhem assim!
Não tenham pena de mim,
Tenham pena de vocês!
Não fui abatida
Para ser assada,
Cozida ou fritada.
Fui vítima. Mais uma!
De uma bala perdida
Saída de uma arma
Empunhada por um de vocês
"É guerra!" - Vocês gritam
E eu com isso, gente?
Eu sou, quer dizer...
Era apenas uma porquinha
Que iria servir de alimento,
Mas agora não, não mais.
Ninguém vai me querer.
Todos fugiram de medo!
Estão em suas casas.
Ninguém sairá tão cedo.
Vou definhar sob o sol.
Minha carne ficará podre,
Como podre está a alma
De muitos de vocês
Que não respeitam nada,
Nem o ser humano
Muito menos uma porquinha como eu.

Roberto Bordin
Enviado por Roberto Bordin em 05/03/2009
Código do texto: T1470321
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