Mistério
Mistério
Por um pedaço de pão
Negava o medo
Fingia sorrir.
Descia para a noite
Que era noite mesmo que fosse dia
Ignorava aqueles olhos
Morenos, suplicantes
Que diziam: - Não vai!
E descia para a noite
Que era noite mesmo que fosse dia.
Buscava no negro minério
Seu pedaço de pão.
Desconhecia o mistério
Do findo daquele chão
E um dia custou bem caro
Seu pedaço de pão
Custou-lhe o próprio Dom
Que Deus um dia lhe deu.
Custou a própria vida
De quem nunca temeu a morte
E seu corpo ficou lá,
Ficou para todo o sempre
Sem conhecer o mistério
Daquele negro minério
Daquela noite que existia
Mesmo que fosse dia