As baratas de Ipanema

As baratas de Ipanema

Voam por todos os lados

Por cima

Por baixo

Nas costas

Ao lado.

Elas sobem paredes

E vibram nos telhados

Pulam nas pernas

E aos pés

São filosofas

Interessadas

Intrigantes

E fofoqueiras.

As baratas de Ipanema

Surpreendem a madrugada

Em noite de Lua cheia

Espantam os fregueses

E dizem boa noite

Cantam felizes na entre luz

As baratas de Ipanema

Invadem as boates

E os transeuntes

Os boêmios poetas

E nostálgicos compositores

Recordam-nos a Cecília

Interessam-se pela literatura

E há candura em suas asas

As baratas de Ipanema

Peludas ou peladas

Surpreendem o Prefeito e o Vice

Turistas e bêbados,

Perdidos ou achados,

Ricos ou pobres artesãos,

Apaixonados e donos de bares.

As baratas de Ipanema

Reflexivas e marxistas

Vivem da práxis diária,

Os meios justificam seus fins,

Os bueiros na escuridão da noite

Mormente as desculpam.

As Baratas de Ipanema

São os resultados da paixão

Do homem pela mulher,

Do medo pelo desejo,

Do calor pelo ar,

Da água pela terra,

Do meio ambiente atrás da mulherada

As baratas de Ipanema

Escutam gritos estridentes

O prazer é masoquismo

E assim mais um boooooommm!

É mais de uma chinelada!

Matei mais uma charada!