Meu Poema, Minha Prosa, Minhas Intenções

- O que você quer com isso?

Perguntou-me uma senhora "recatada",

Curiosa ao ler um dos meus textos,

Lia e criticava, quase que desbocada,

Um dos meus versos de profunda irônia,

Estava irritada, aquilo não lhe dava alegria.

- Quem você pensa que é para falar assim?

Reiterou essa mesma senhora, bufando de raiva,

Não admitia a leitura daquele poema,

Julgava motivo de um grande problema,

Portanto, queria explicações, boas razões,

Queria de mim a verdade e não suposições.

- Diga-me, rapaz: Quem és e o que queres?

Pois bem, "estimada" senhora, farei o que me pedes...

Pois bem, "honrosa" senhora, também honrarei as minhas vestes,

Darei-te as desejadas explicações, mesmo sem precisar te dar,

Entregarei-te as minhas razões, apenas porque quero entregar...

Eu sou o mendigo sujo que anda pelas nossas ruas,

Eu sou as nossas prostitutas, desavergonhadas e seminuas,

Eu sou o proletário, de rosto sofrido e bastante suado,

Eu sou o alcóolatra, mau-amado, doente e desorientado.

Eu sou o velho que cai na rua e ninguém auxilia,

Eu sou o pobre, mergulhado na fome que nunca alivia,

Eu sou o menino de rua, violentado e esquecido,

Eu sou o desempregado, descriminado e entristecido.

- Ora... vejam só... Então de fato sois um homem santo?

Não, "digna" senhora, certamente não sou, sou apenas um escritor,

Que não consegue ficar calado com a injusta realidade,

Que luta por um mundo melhor, repleto de solidariedade.

Podem ofender-me, podem criticar-me pelo que faço,

Mas saibam que eu não vou mudar sequer um único traço,

Das coisas em verso e prosa que honrosamente escrevi,

Pois sei muito bem o que quero, sei o que faço,

Quero ajudar esse povo a ter o seu próprio espaço.

*Todos os Direitos Reservados pelo Autor.

Fábio Pacheco
Enviado por Fábio Pacheco em 01/05/2006
Reeditado em 07/05/2006
Código do texto: T148583