Madame Burrô

Lá vem Dona Burocracia

Com sua tiara brilhante

Seus brincos de ouro maciço

De batom vermelho e massa cinzenta

Seus desejos comandam tudo:

Suas mãos cheias de dedos

Seus dedos cheios de anéis

Seus braços desabraçados

Seus seios desinibidos

Pena sua barriga...

(Recheada de lombrigas)

Não lhe deixar ver os pés

– Os pobres proletários –

– Os podres operários –

Chatos inchados

em chinelos de dedo...

Suas narinas não cheiram seus pés

Seus ouvidos não lhes ouvem os passos

Não se premia o seu balé

Nem se perdoam seus fracassos

Sua boca

Algum dia

Há de ficar sem voz

De tanto gritar de dor

– Dor de periferia –

Nascida no chão de fábrica

Sofrida na presidência...

Chico Rosa
Enviado por Chico Rosa em 12/04/2009
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