CANTO DE GUERRA E PAZ

Passei a vida toda cantando um canto macio.

Cantei o amor e a flor, cantei a serra e os rios.

Um dia abri os olhos e vi os males da terra,

Deixei de cantar a paz, meu canto agora é guerra.

Minha guerra há de ser feita no campo dos pensamentos,

Meu verso com rimas simples é meu único armamento.

Com objetivo diferente das guerras que o mundo faz

Sem vencedor ou vencido, mas todos vivendo em paz.

Vou denunciar a miséria que o povo está sofrendo

Sem trabalho e com fome, sem esperança vivendo,

As cidades com pedintes, famintos, desesperados,

Em busca de alimentos como cães abandonados.

As crianças juntando coisas nas lixeiras das cidades,

Deviam estar brincando com outra de sua idade.

É um exército precoce de soldados de vida vã,

Sem dignidade e esperança, que adultos amanhã?

A violência é um dragão cada vez mais violento,

A polícia desequipada é São Jorge sonolento.

Vidas vão sendo ceifadas na cidade e no morro,

As casas gradeadas com gente pedindo socorro.

As vozes que elegemos pra defender nossas vontades

São omissas, são levianas, repletas de vaidades,

Não representam o povo, têm chefes mandando em si.

São potros encabrestados por donos que nunca vi.

Que minha luta desperte o senso de igualdade

Mudando o estabelecido no campo e na cidade,

O oprimido conseguindo aquilo que sempre quis,

O opressor entendendo que a opressão é maldade,

Que ser feliz é o destino de toda a humanidade.

HAMILTON SANTOS
Enviado por HAMILTON SANTOS em 29/04/2009
Reeditado em 30/04/2009
Código do texto: T1567076