MOLOCH

Maldito MOLOCH, monstro destruidor.

Demônio ameaçador.

Vós ó maldito, retirais de nós

Tudo que temos.

Tiraste nossa dignidade com dinheiro,

Nossa felicidade com o poder,

Nosso amor com interesse.

Vós exigis sacrifícios humanos.

Ó criatura humana com face de besta.

Desperta em todos sua loucura consumista

E um desejo de grandeza inglória.

Vós nos transformais em meros fantoches

Nas mãos de um demônio sem face.

E aí daqueles que não se curvarem,

Diante do seu trono imundo

Regado com o sangue de negros,

Índios e crianças.

BASTA! Eu te renego ó diabo de mil faces.

Eu te abomino com o verme do homem.

Ainda que eu seja o único.

Ainda que me torne um selvagem.

Ainda que o que me reste

Seja à margem da sociedade.

Não me deixarei envenenar pelos seus néons.

Nem me venderei ao seu best price.

A sua rede não vai me alcançar.

Na verdade eu sei que o que ofereces

É apenas uma ilusão.

Uma ilusão coletiva e ignóbil.

Prefiro a realidade do meu pensamento.

A verdade sensível da natureza,

Que é gratuita e acolhedora.

Mas em mim para você não há lugar.

Embora eu saiba que serei

Arremessado na mais completa solidão.

Seguirei só,

Mas integro.

Sei também que um dia,

Com seu sorriso dourado me perguntarás:

“De que adianta renegar-me?

Viver sozinho é viver?”

Talvez perdido em solidão e medo,

Não consiga vos responder.

Mas rei de mim vou ser.

Rei do único reino

Que deveríamos desejar.