ANJINHO NU

Um anjinho nu

Bela em sua nudez pura

Sua palidez crua.

Os olhos perdidos no azul da parede.

Sente garras ferinas

Em sua pele.

Um desejo animal,

Uma força brutal.

É pela sétima ou décima vez?

Ela já não sente a vulva juvenil.

Prefere não pensar no que acontece

Prefere esquecer que fenece.

Seu corpo é brutalmente balançado.

Há algo que não é dela

Mas esta nela,

Como um cancro sangrento.

Um calor infernal.

Um jorro quente

Em seu ventre maternal.

Suspiros e gemidos fingidos.

Os pequeninos olhos se fecham.

E um estranho deita-se ao seu lado.

Um soluço seco, de pureza e nojo,

Preso na garganta.

Felipe Duque
Enviado por Felipe Duque em 02/05/2009
Código do texto: T1571575
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