VELHOS TEMPOS

Que silêncio é esse repentino?

Vai ver o poeta calou-se

Vai ver não há poeta

(que se meta).

E o silêncio, quem o trouxe?

O sumiço do poeta

Ou a morte deste, que o trouxe?

Quem defenderá, então

A preta, o homem, a foice?

Quem delatará a fome

E o desmedido, senão o poeta?

Quem a terá sentido,

Que revele entre as letras

Quem fará a faceta

Mesmo sem a ter vivido?

Se o cientista e o sociólogo, e o filósofo

Andam tão sem sentido

E o professor, que não milita

e o aluno, que não mais revoluciona

andam tão sem sentido

E o cantor e o compositor

Andam tão insensíveis?...

EMERSON CRUZ