A queda das deusas

Partem, cortam, esmigalham

... craz, craz, craz, atrás

dos montes, atrás das pedras.

A afiada serra chega rasgando

o peito aberto da mata virgem.

O soluço agudo e forte carrega

as lágrimas que se esvaem

até o rio, que se desmancha no mar,

e são confundidas com a espuma

e o bramir altivo e quebrante.

A queda das gigantescas deusas da floresta

dói fundo – sofrem, sofrem -,

dói muito, uma dor ilimitada.

Nos passos cadentes dos mateiros,

são carregados os restos da serragem.

As marcas ficam apontando, denunciando

os traços traiçoeiros dos maldosos.

16 de março de 2005.

Marcela de Baumont
Enviado por Marcela de Baumont em 14/05/2009
Código do texto: T1593486
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