CENTRO DA CIDADE
Domingo, o centro da cidade é vazio
O vazio do centro é o centro do vazio
Vê-se pouco; vêem-se os loucos
Seus gestos inelegíveis
Seus jeitos desconcertantes
Trejeitos indescritíveis
Ruídos e ronronares
Ressoar de letras perdidas
Perdidos num só desmedido
Engolindo a saudade de um ontem
Sem precisão desse quando
Sem quando ser compreendido
Vagando na dor do destino
Destinado ao centro vazio
No vazio que lhe foi destinado.
Aos que não sabem dos loucos
Por medo, ignorância ou descaso
Saibam que os loucos do centro
Com suas frases sem nexo
Estão conectados ao centro
Como eu e você, do universo
Universalmente ligados
Nessa viagem inconstante
Como qualquer ser errante
Feito manada de gado.