Vida de Teatro

Gotas de chuva na calçada

vento levando meu perfume

e engrossando meus pensamentos.

Vento que não arranca máscaras dos rostos

desse teatro que atuamos todos os dias

mudando as histórias e as vestes,

mas as intenções que se escondem por debaixo

de nossa carne ditam a última cena que nos aguarda

um pouco mais adiante.

Nossas falas, nossos gestos e trejeitos

escolhidos para arrancar aplausos e engordar

a bilheteria que embolsaremos no final...Queremos impactar

a platéia com falsas promessas e viver um engodo para melhor

ficar a reportagem na revista sobre história de nosso personagem.

Personagem sim, vivemos uma farsa que não nos cabe

conhecer a essência do ator. Procuramos por valores impostos

e por rostos esticados de sorrisos plastificados e umbigos idênticos

desfilando na praia. Cabelos loiros esticados, peitos turbinados

e times para torcer para o vencedor do próximo BBB.

Padrões de conduta, faz com que se criem palcos de apresentação

por todo nosso continente, acaba por se tornar muito previsível

o enredo da história, as máscaras dos personagens...

Todos os dias o mesmo desfecho:

o interesse da arrecadação da bilheteria, e como fica a divisão do bolo.