O zinco ainda atrapalha sapata paulista.

O zinco ainda atrapalha sapata paulista.

Novos empreendimentos são lançados em meio à cena triste do descaso.

O zinco ainda é tormento da elite paulistana.

Pedra sobre pedra e cidade ganha status de metrópole, e assim novos ares sustenta a engrenagem do poder e cada arranha-céu com seus andares mostra o esplendor da paulicéia majestosa.

Empurrando os barracos para escanteio

e tampando a miséria.

Funciona assim...

Nessa cidade onde cada metro quadrado vale centenas de reais, e num piscar de olhos, tem fumaça no centro balde na cabeça.

E alguém grita

Trás mais água...

Outro responde

Cadê o bombeiro?

Já, tá chegando!

De onde?

Que eu, não vejo, nem escuto a Sirene tocar, deixa quieto essa fita...

Vamo caraio!

Cade agua?

Enquanto barracos vão queimando na favela, o balde vai passando de mão e mão até chegar ao zinco que esta em chama.

"Avisa o pessoal para tomar cuidado, com o fio descascado que esta no chão.

Pede pro Valério tirar os botijão de gás, e guardar num lugar seguro."

Depois de 15 minutos, Escuta-se uma sirene, Lá, ao longe.

Pelo os moradores.

É o Bombeiro!!!

Sai da frente gente!

Sai da frente , sai da frente...

O bombeiro chegou, para apagar o fogo,

A moradora desesperada grita

"Minha casa, meus documento,

tudo queimado.

Até quando vamos viver assim? "

Nesse momento chega também à defesa civil

e a guarda metropolitana.

" Com o kit desapropriação"

Depois de muita luta o fogo é controlado.

As pessoas são remanejadas, para um lugar "seguro" , sem poder pegar seus pertences.

São alocadas em qualquer lugar, longe dali,

por causa do risco desabamento.

E no primeiro momento, tudo é visto como assistência e preocupação.

onde secretario habitação aprece todo majestoso, fala bonito e toma as dores desse povo.

Logo em seguida, os desabrigados recebem um cheque aluguel, pra calar a boca e se reclamar leva nome de noia.

E área que já era vista como um reduto do trafico, por ter centenas de barracos.

É interditada e lá se foi, mais um pedaço de terra próximo ao centro.

A viatura passa a fazer parte da vida dos moradores, que não tiveram seus barracos queimados mas não podem, ultrapassar determinada área por medida de segurança.

Na medida em que o tempo vai passando, essa área vai ganhando notoriedade tornando-se um grande negocio.

Que atrai as construtoras de plantão.

Depois de separar o terreno da enorme favela,

aparece oficial de justiça e pede a reintegração de posse junto com Policias que vão expulsando moradores que ficaram e maquinas vão limpando o terreno para edificação do progresso.

E o sonho da moradia popular,

acaba perdido na remoção do quarto e cozinha

de zinco, a lagrima do morador despenca em meio à truculência do homem de farda que arrogantemente diz:

Aqui jaz um reduto de vagabundos.

Jota
Enviado por Jota em 01/06/2009
Reeditado em 19/08/2013
Código do texto: T1627099
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