VIVA ZUMBI, LÍDER DA CONSCIÊNCIA NEGRA!
Vieram de longe os negros
pelas marolas do Atlântico.
São filhos batavos d’África,
traficados em galés,
mil bordoadas no lombo
e correntes pelos pés.
No Brasil, burros de carga,
nos cafezais, nas estâncias
do Sul, nos canaviais.
Dormiam no chão das senzalas,
ver bichos, insetos do mato.
Fugindo da casa-grande,
onde tão chicoteados,
lá vão parar nos quilombos.
Aí, ensaiam, ao som
de canoros berimbaus,
a luta da capoeira.
Quase, ainda, ontem,
n’África do Sul,
igual servidão:
negros que nem caças
na mira dos ingleses.
Credo!... Racismo mais sanguinário
à fauna humana.
– O Mandela que pôs fim
à burrice do “apartheid”.
Zumbi, antes, não fez por
menos, tomou consciência,
juntou seu povo nos eitos
e pá!, pei!, pei!, mandou fogo
nos cabras do senhorio.
Zumbi dos Guararapes,
por sinal, que morto,
cá, de novembro aos vinte,
tomou tento de sua
negritude e deu tombo
grande na tessitura
da velha escravatura.
Nossas loas ao negro, ao cidadão,
ao libertário Zumbi.
Viva Zumbi, grande líder,
herói de tantas batalhas,
bravo, imbatível, sem falhas,
nas terras pernambucanas!
Zumbi, de garrucha à mão,
arrimado de atitude, deu mortalha e sepultura
à tirana escravatura, e valeu a decisão,
pois fez florir liberdade para o teu e o meu irmão!
(27/10/2008)
Fort., 07/07/2009.