Quinta

Quinta...

Quinta em meio ao frio e quinta em meio ao fogo...

Inverno estridente com o tilintar dos pobres dentes...

Hoje acordei sozinho e com frio novamente,

Escutei os carros a passar no telhado,

E com os olhos estalados fiquei sem motivo irado,

Minha parede via paisagem de bem aventurados,

Sem nada para comer e água para beber,

Mas também sem fome e sem sede,

Imaginei se ficasse doente,

Mas para o mundo eu já estava enfermo,

Não teria como correr e me restaria à morte esperar,

Já nem sei sobre meu aniversario,

Como nasci e quando esqueci,

Sou menino de rua que sofre no quinto na terra,

E que hoje neste dia de hoje

Que deve ser quinta-feira depois de tempos chorei,

Acordei com olhos remelentos e banhados de água,

Mesmo sendo velho me vejo menino,

Porque assim como menino preciso que cuidem de mim,

Não é comodismo e nem folga minha,

Sou fraco e tudo perdi de memória a milhões,

De amigos a paixões,

Sou escravo da escuridão de meus buracos,

Minha amiga é a lata que me mata,

E dessa amiga que disfarça,

Destrói, mas me tem fiel,

Meus pensamentos são vagos,

E choro sem saber por que,

Prostituo-me sem saber por que,

Mato sem pedir e roubo,

Sem saber por que beijei a lata,

Agora sei que vou falecer,

Sendo assim, vivo para morrer,

E morro a cada dia para viver.

Willians Rodrigues
Enviado por Willians Rodrigues em 07/08/2009
Código do texto: T1742067
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