A PALAVRA SOFRER

A cidade descansa,
Caminho calmamente,
Nas sombras da madrugada,
Nem fria – nem quente,
No canto da calçada,
O olhar de uma menina,
Me alcança,
Leio em suas retinas,
A palavra sofrer,
Na lágrima que desce,
Indefinida,
Sobre a face entretecida,
Ouço uma prece,
Um profundo clamor,
-Por favor,
Me dê uma chance pra viver...
Até que faço menção,
De me aproximar,
Mas, logo retomo meu chão,
Mudo o meu lúcido olhar,
De sentido,
E como se nada,
Tivesse acontecido,
Sigo minha caminhada,
Em busca da alvorada.