Os que são apenas números
Eu queria que o jogo dos tiranos
com seus paletós importados
e camisas engomadas
fosse logo descoberto
e depois desmascarado,
para deixá-los sem desculpas, nem rodeios,
pois engordam em seus manjares e banquetes,
têm requintes e paladares,
andam de limousine, tem rolex e outros carros,
não poupam porque o que recebem
não lhes é cobrado e assim passam em palanques
a discursarem falantes, com mentiras
que vão assinando e delineando seu caráter.
São mesquinhos, ultrajantes,
não disfarçam a arrogância,
enfadonhos se levantam com dedos em riste
e se proclamam os senhores da verdade.
Desonram nossa terra,
desqualificam a política, surrupiam a economia,
ameaçam os sem-teto e os sem-terra,
enfraquecem nosso povo que se arrasta pela lama e
vive oprimido pela cobrança com se estivesse em guerra.
Pelos anos se perpetuam e alargam a fileira
dos que se prevalecem e estorquem
a viúva, o órfão, o surdo-mudo,
que com um bofetão são acordados a cada dia,
prisioneiros de uma luta sem fronteiras,
sem limites, sem respostas.
Tantos miseráveis se acumulam nas estatísticas,
nos gráficos apresentados em modernos notebooks,
via web, com flashes inusitados e coloridos.
São apenas números no visor do engomado
e que não passam de uns pobres desprezados.
São Paulo, 20 de agosto de 2009.