Os que são apenas números

Eu queria que o jogo dos tiranos

com seus paletós importados

e camisas engomadas

fosse logo descoberto

e depois desmascarado,

para deixá-los sem desculpas, nem rodeios,

pois engordam em seus manjares e banquetes,

têm requintes e paladares,

andam de limousine, tem rolex e outros carros,

não poupam porque o que recebem

não lhes é cobrado e assim passam em palanques

a discursarem falantes, com mentiras

que vão assinando e delineando seu caráter.

São mesquinhos, ultrajantes,

não disfarçam a arrogância,

enfadonhos se levantam com dedos em riste

e se proclamam os senhores da verdade.

Desonram nossa terra,

desqualificam a política, surrupiam a economia,

ameaçam os sem-teto e os sem-terra,

enfraquecem nosso povo que se arrasta pela lama e

vive oprimido pela cobrança com se estivesse em guerra.

Pelos anos se perpetuam e alargam a fileira

dos que se prevalecem e estorquem

a viúva, o órfão, o surdo-mudo,

que com um bofetão são acordados a cada dia,

prisioneiros de uma luta sem fronteiras,

sem limites, sem respostas.

Tantos miseráveis se acumulam nas estatísticas,

nos gráficos apresentados em modernos notebooks,

via web, com flashes inusitados e coloridos.

São apenas números no visor do engomado

e que não passam de uns pobres desprezados.

São Paulo, 20 de agosto de 2009.

Marcela de Baumont
Enviado por Marcela de Baumont em 21/08/2009
Código do texto: T1766185
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