Traição e morte

Se um dia é do caçador o outro é da caça

Devagar com a louça que a louça estilhaça

Cuidado com andor olha o santo no chão

A moça fez tanto escarcéu e deitou arruaça

Um amor traído peito descompassa

Tanto sofrimento haja coração

O bar da esquina do centro da praça

Não dava pra aglomerar a massa

Que anciosa subia no balcão

Seu Joca que nunca vendeu tanta cachaça

Esfregava a mão achava graça

Adorava conflito e confusão

O moço traia a donzela com uma tal de graça

Cabrocha fogosa com ginga de garça

Que deixava os homens tontos de aflição

Agora a moça desafia e faz pirraça

Covarde se tu é homem faça

Ou só tem mesmo capa de machão?

O moço avança com disposição e raça

Vou te por na boca uma mordaça

E tome xingamento e agressão

O povo se acotovelava na praça

Nesta altura nem polícia passa

Esquece do ofício o ladrão

A moça matreira cambaleia disfarça

Com golpe desata uma desgraça

Um punhal se crava a um coração

O moço gemendo vai tombando a carcaça

O povo sumindo na fumaça

Quando chega a polícia, a perícia e o rabecão.

Cosme Belizário
Enviado por Cosme Belizário em 20/06/2006
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