VOZES DE GAZA

Vozes se levantam contra razões insanas.

Aspiram ansiosas por vontades impolutas.

Mergulham suicidas em fontes profanas.

Caminham sem eira nem beira, resolutas.

O caminho é incerto, a luta injusta.

Contra o arbítrio o sabre se alevanta.

Palavras que voam em medida justa.

Contra o alvo vencido da guerra santa.

Porque mãos postas que ao céu se erguem,

Às seitas venerandas em incontido louvor,

Seqüestram, matam, apedrejam e soerguem,

Muros de vergonha e bandeiras ao terror?

Sob um céu de infinitas tempestades,

Tinta de sangue em lamina cortante.

Da boca que clama por vãs potestades

Cresce o delírio em clamor berrante.

Um profeta dormente em deliro astuto.

Promete ao homem-bomba sobranceiro,

Cem virgens por merecimento justo,

Num céu de paz e repouso derradeiro.

Uma guerra milenar que se arrasta.

Povos que se dizem de Deus, tementes

Tendo á sua frente uma fé devasta,

Violência maior espalhando sementes.

Jerusalém, Palestina, Terra Santa

Gerados em berço de ódios delirantes

Sua paz é tardia, sua luta é tanta,

Num cemitério de vozes suplicantes.

Milhares de almas ao desalento.

Esta é sua herança e seu legado.

Soprando pelos desertos, ao vento.

Em desespero a um povo renegado.

Esta luta que nunca termina

Sem vencedores e nem vencidos

Fazem-me transformar em rimas

O choroso lamento dos desvalidos.

João Drummond
Enviado por João Drummond em 22/10/2009
Código do texto: T1881374
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