Ninho de aço

Bandos de gentes correm em minha direção. Não, não vão de encontro, se quer ao meu encontro. Golpeiam inutilmente o ritmo frenético, o peristaltismo da selva petrificada, cultivada, um ninho de arames farpados que jamais irá proteger àqueles que se alimentam nela. Meu amor? Minha enamorada? Não sei. Faz frio, ora calor. Não entendo. Cidade deserta. Coração deserto. Deserto de paixões. Frouxo amor. Sou réu. Réu confesso de seu amor. Julgue-me, juíza, se for capaz! Julguem-me gentes se lhes apraz! Condene-me por lhe amar, não há fiança. Ainda é 01h04min da manhã, não dormi, sequer cochilei. Não consigo. Máquinas rugem como leões; já me disseram isso. Nada posso fazer, sou zero, Ele é 1, assim seremos 10. Mas o tempo passa, gentes correm em minha direção. Ainda é 01h08min, não tenho colo, nem ouvidos, não tenho voz, só sua voz, em meus ouvidos. Envelheço os dias que não são meus, as horas que não são minhas, pensamentos que são seus, são das gentes, bandos de gentes.

Diego Guima
Enviado por Diego Guima em 27/10/2009
Código do texto: T1890066
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