Vitrines e Marquises

Lojas suntuosas

Peças desejadas

De dia, luz, beleza

De noite, trevas, tristeza.

As mesmas portas

Que se abrem às compras, seus salões

São as mesmas que servem de mantas

Sem teto em dobráveis papelões.

Sob as marquises

Testemunhas de muitas valises

Abrigam-se párias de muitas raízes

Sob o frio ou calor, solidários sem matizes

Quem imagina que estes noturnos xerifes

Sejam voluntários guardiões

De peças caras e das mais finas grifes

Em suas noites de sonhos de alegres foliões

Ah, pode ser que nas marquises sob a penumbra da noite

Mesmo com o frio e o açoite

Reine a liberdade de não ter, não possuir, não consumir

Os lustres seduzam ao desejo na prisão do crédito de ter, possuir, consumir...

AjAraújo, o poeta humanista, escrito em 28/1/08