Sem Saber

Vivo na escuridão da noite.

Sem saber quantas são.

Outrora via cortes e açoites.

A cortar a carne putrefata,

Daqueles solitários corações.

Agora eu conto os segundos,

Deste eterno relógio da vida.

Que marca as horas que não passam,

Expondo novamente as feridas.

Que tormento geme o pobre, estendido sobre a calçada.

Geme e chora, geme e chora.

Corre sobre os trilhos a esperança.

Neste efêmero expresso do sofrer

Deslizando pelas Auto-estradas angustiantes.

Em um mosaico contrastante.

Entre o inferno e o céu da vida.

Que diferença existe, não sei!

Entre o passado e o presente,

Aos olhos do poeta.

A alma geme ainda pior agora, aprisionado.

Ainda mais sofrida porque,

Sabe quantas noites se passaram,

E nada mudou no mundo dos negros.