Bolachas de barro
Veem no céu a esperança
a construir liberdade entre poeiras e nuvens de miséria?
É a escravidão em surto na senzala do mundo.
Fêmeas negras, de barrigas prenhes de humilhação,
em tremores violentos, quebram os ossos da terra.
Os zumbis estão soltos
nos cheiros das bocas feias e escuras de chão caído.
A mão estendida, porta a voz,
enquanto o escarro das bocas frias, servido às bocas quentes
em bolachas de barro, traz a missiva:
- Agora, cuidaremos de vós!
Canoas, janeiro de 2010 /RS