DOMINGO SEM CAFÉ OU BOLA DE FUTEBOL SEM REDES

 

Sei que tenho me perdido na prorrogação

Ou talvez meu domingo já não exista faz tempo

E não dei conta ainda que as luzes se apagaram

Quando eu estava dormindo longe do violão

 

Sei que não tenho olhado pela janela as nuvens

Sendo levadas pelo vento da incerteza que norteia

Meus dias de domingo a sábado sem café na esquina

Sem palavras que poderiam indicar um caminho sem pranto

 

Acho que vou correr atrás da bola aos domingos pela manhã

Mesmo sabendo que não alcançarei as redes da vitória

Ou da esmola que venho buscando na banca de jornal

Que fica bem de frente da estrada que segue o rumo sem vida

 

Sempre vejo apenas os melhores momentos do jogo

Mas os gols que balançam as redes não são os mesmos gols

Que deveriam acontecer no dia a dia de quem se levanta

Para ir atrás do pão sem felicidade que alimenta nossas ilusões

 

Ou atrás da quentinha que é distribuída pelas almas sem almas

Que pensam apenas nos aplausos que vão receber quando mostrarem

As fotografias dos necessitados recebendo o prêmio que vai alimentar

Seu dia de descrença que passará sentado no paralelepípedo da vida

 

Bem sei que a noite vem me presentear com a mordaça da solidão

E ainda estarei sentindo o êxtase da fumaça do cigarro do cara do lado

Que ficou assistindo os melhores momentos como se fossem eternos

E se esqueceu que o pior está por vir com a velhice que por azar chegará