Humanidade

Minhas falas são balas perdidas.

Minha boca sem dentes, um rifle.

Me alimento das suas feridas.

Veja! meu coração é um bife!

Sou fedido, exalo fumaça.

Os meus nervos são redes elétricas.

Me divirto das tuas desgraças:

pais famintos e mães esqueléticas.

Tais quais túmulos que eu mesmo faço,

meu jardim é cinzento concreto.

Os meus músculos são cabos de aço

contorcidos num ângulo reto.

Sou feroz, tua dor, alegria...

Sem remorso, compaixão nem piedade,

Sou algoz, tua flor, tua cria!

Prazer! Meu nome? Humanidade!