O vôo livre dos abutres

Que lacuna na alma terá um pai,
com um filho desaparecido...
A lembrança, dos dias não sai,
são amargos os anos vividos!

A escravidão de quem aqui fica,
é a igual a dor de quem partiu,
pela mão de quem não se identifica,
numa lenta e longa vida servil!

Gostaria tanto de ver prevalecer
a justiça sobre rostos torturadores,
mas é tão dificil pra mim entender,
porque o sujo esquecimento, senhores?

Falo de uma vergonha do nosso país,
um pequeno holocausto talvez.
Falo de canalhas de índoles servis,
que governam, apesar da sua estupidez!

Quantos filhos permanecem sob a terra,
em clandestinas covas por esta nação,
e vemos que uma bruma negra encerra,
o que seria pros entes deles a redenção!

Os desaparecidos que vivem no infinito,
crianças, velhos ou moços na flor da idade,
jamais ouvirão um miserável grito,
de quem teria pra isso, a autoridade!

Enquanto países latinos julgam a tempo,
abutres que travestiram-se de soldados,
vemos serem levados ao doce vento,
covardes que chacinaram, seres calados!

Homenagem a Francisco Madariaga, filho de Abel Pedro Madariaga e Silvia Monica Quintela, roubado dos pais, durante a ditadura militar na Argentina, e que agora, 32 anos depois volta ao convívio de seus verdadeiros país. Permaneceu este tempo como "filho" de Victor Gallo,  capitão das forças armadas Argentinas.

xxeasxx

Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 24/02/2010
Reeditado em 28/07/2010
Código do texto: T2105378
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