À Média Luz

Você me olha indiferente

e às vezes me escuta ...

Depois pergunta, sem interesse,

ao parceiro da mesa em frente

se o pensamento pode ser servido

de bandeja.

No intervalo da bebida

existem papos

ou talvez uma papa aguada

amarelada

que escorre da boca amarga.

- Ora, nada vale a pena,

o poeta apenas desabafa.

E o som da conversa

mais uma vez abafa

os versos

ou reversos da vida.

E você mais uma vez me escapa

sorrateiro.

Você apenas escuta sem ouvir nada.

Você está perdido num devaneio

ou numa frase-feita.

Enfim, você apenas cospe

ou bate palmas,

mas como dói!

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1) Publicado em "A Toca do (meu) Poeta" - JAN/FEV/1986 - Guarabira (PB).

2) Publicado em "O Vale do Aço" - 23 a 29/04/1988 - Cel. Fabriciano (MG).

3) Publicado no livro "Libertas quae sera tamen ou Escravo, Portanto Escrevo" - Ribro Arte Ed. - Rio de Janeiro - 1987 - pp. 24.

4) Publicado em "Poesias ao Sabor do Vento" - http://www.bchicomendes.com/dcarrara/medialuz.htm