POBRE MENINO
Cala-se o pobre menino, deixa um pequeno vazio
Cobre-se com o frio, vagueia nas sombras do vazio
Segue pelas ruas escuras, encontra sempre uma viatura
Subitamente pede uma ajuda, mas ajuda só vem se for nua
Caminha... anda pobre menino...
De longe enxerga as luzes, de perto são apenas as cruzes
De passos a passos chega-se o ressalto, tropeços e encalços
“Pega o menino, sigam por onde vai seu destino”,
Não pare pequenino, deixe para trás seu medinho
Corre... percorre e escorre menino...
Amanhece o dia, de sorte o dia levou você até esta usina
Mamãe lhe avisou, papai já te chamou, você não escutou
O irmão te deixou, nas pedras se entregou
Agora lhe resta apenas o pó de quem nunca te olhou
Esconde... não deixe que te levem menino...
Afim tudo acabou, o suor desceu e escorreu pelo calor
Sentou e respirou, os homens malvados não mais escutou
Era emboscada, era uma cilada, apenas os tiros ecoou
E agora menino! Antes franzino e sozinho, agora morto e sem destino.
Morre... mas não deixe que leva de ti o que sobrou, sua alma e seu amor!